Engodo
A poesia não pode tratar de mim,
nem eu da poesia.
Estou só, o poema está só,
o resto é dos vermes.
Estava à beira da rua onde moram as palavras,
livros, cartas, notícias,
e esperava.
Sempre esperei.
As palavras, em formas claras ou escuras,
transformaram-se em alguém escuro ou mais claro.
Poemas passavam por mim
e reconheciam-se como coisa.
Via-o e via-me.
Esta escravidão não tem fim.
Esquadrões de poemas procuram os seus poetas.
Vão errando sem comando pelo grande distrito das palavras
e esperam o engodo da sua forma
feita, perfeita, fechada,
concentrada e
intangível.
[ Poema escrito em 1933, por Cees Nooteboom,
in Uma Migalha na Saia do Universo:
Antologia da Poesia Neerlandesa do Século Vinte,
Assírio & Alvim ]
2 Comments:
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As palavras tomam formas e compõem-se
como personagens.
e Podem conter afectos, e sorrisos, e lágrimas com elas.
As palavras são os dias.
E os dias são fechados e cinzentos
e solarengos e risonhos.
As palavras são, no fundo,
Massas que se moldam
e se arranjam,
conforme queremos
para o fim que desejamos.
7/6/05 9:46 da tarde
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