O limiar e as janelas fechadas
O que é certo é que gostei de ti.
O resto não: se exististe,
E se assim foi, qual a cor dos olhos, ora verdes
Ora cinzentos, deles levantou-se uma vez
Um bando de andorinhas. Quais. As rápidas,
As que não andam, as que se amam no ar.
Como foi. Ficaste doente
Ou coisa assim, levaram-te, muito se passou,
Acho que ia ter outro filho e esqueci-me de ti
Ate ouvir-te, esta noite, a horas impossíveis,
Vem comigo, é tempo. Larga tudo e sai,
Espero por ti ao pé da cancela.
Mas cheguei lá e o trinco
Estava solto, batia ao vento
Contra o poste, fechei-o, voltei para trás,
A pensar em ti, que estiveste lá,
Sabe-o Deus, que abriste a cancela,
que gostei de ti e também
que a porta não encaixava bem.
[Eva Gerlach,
in Alguns Poemas,
Quetzal Editores]
2 Comments:
Poema excelente! Muito giro na maneira de ler... E com coisas que fazem sempre lembrar alguma coisa a alguém. :)
21/6/05 9:22 da manhã
:)
21/6/05 9:01 da tarde
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