...{ POESIA PARA OS DIAS TRISTES E PARA OS DIAS FELIZES }... "Recolho-me num casulo, quando quero pensar em ti, em mim, no mundo. E levo comigo as coisas que me fazem feliz."

terça-feira, janeiro 10, 2006

Cansa Sentir Quando se Pensa

Cansa sentir quando se pensa
No ar da noite a madrugar
Há uma solidão imensa
Que tem por corpo o frio do ar.
Neste momento insone e triste
Em que não sei quem hei de ser,
Pesa-me o informe real que existe
Na noite antes de amanhecer.

Tudo isto me parece tudo.
E é uma noite a ter um fim
Um negro astral silêncio surdo
E não poder viver assim.

(Tudo isto me parece tudo.
Mas noite, frio, negror sem fim,
Mundo mudo, silêncio mudo -
Ah, nada é isto, nada é assim!)
[Fernando Pessoa]

19 Comments:

Anonymous Anónimo disse...

Há uma solidão imensa
Que tem por corpo o frio do ar.
Neste momento insone e triste
Em que não sei quem hei de ser

adoro, adoro.
O pessoinha até tinha umas ideias com estilo.

11/1/06 12:04 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Não fosse a poesia, enquanto género literário, por si só deprimente quanto baste, vocês ainda fazem questão de a promover. Valha-nos a falta de alcance mediático deste blog. Vocês, seus pseudo-entusiastas da poesia ainda não perceberam que o cerne da poesia, e o seu ponto de partida, são um fim em si mesmo: juntarem palavras e expressões avulsas, sujeitas à ordem que se lhe quiser dar e esperar que por alma de algum espírito iluminado façam sentido algum. É que realidade, o sentido que possa eventualmente fazer, não faz. Está tudo na vossa cabecinha. É que gostar ou escrever poesia nem sequer dá estilo. Não percebo, ou não me apetece perceber. Vejam televisão faz favor.

25/1/06 11:28 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

o coitado (ou coitada) que não gosta de poesia (agente da contra-cultura disse...) parece não saber o que é vida, o que é pessoa (muito menos Pessoa). não sabe o gosto bom que tem pronunciar as palavras e encher a boca e alma de encanto. tornar o mundo melho.
desligue a televisão e viva...

26/1/06 10:15 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Noronha, ainda bem q comentaste! e adorei a tua atitude. O comment do contra cultura é importante para perceber melhor o fundo da poesia. e, afinal, que é contra cultura não é ele, que adere à televisão...

26/1/06 10:32 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

A vossa falsa intelectualidade litarária é manifestamente deprimente. Noronha o que isso de "pronunciar as palavras e encher a boca e alma de encanto"? Tem dó. E essa de tornar o "mundo melhor"? Porventura tens alguma receita milagrosa para erradicar o marxismo-leninismo da face da terra? Não tinhas nada mais descabido e roto para dizer. É o que eu bem digo, juntam palavras avulsas e esperam que façam sentido. Isso é doentio. Vocês sim precisam realmente de arranjar uma vida. Podem muito bem começar por ver o que realmente a televisão tem para vos ensinar (a tua tv não sei, mas a minha não tem só TVI). E quem sabe até ler um jornal (tipo "Público") ou uma revista (tipo "Visão"), em vês de perderem o vosso tempo com essas questiúnculas vivênciais que tanto tentam encontrar nessas palermices.
Quanto a ti annie, a poesia tem tanto fundo como um funil. E mais uma vez mostras aquilo que a poesia te faz à cabeça: por que raio é que o nome que eu uso é suposto fazer algum sentido, ou ter alguma conotação. Convençam-se de uma vez que nem tudo o que vocês vêm ou leêm tem de fazer ou ter sentido algum. Um Abraço.

27/1/06 1:18 da manhã

 
Anonymous Anónimo disse...

A mim preocupa-me tu ainda não teres percebido o porquê do blog. Pretende ser uma compilação dessa mesma poesia 'deprimente' que tu criticas. Porque raio achas tu que a nossa vida gira em torno do blog?
e que não lemos públicos e visões, e etc? se este fosse para ser um blog informatiov, era-o, ponto final. Mas o objectivo é realmente perceber a abstracção que a poesia pode proporcionar - de um modo mais ou menos deprimente - em relação à realidade.

A minha actividade principal não tem nada a ver com literatura, sequer. e podes apostar que eu sei a importância da actualidade factual em comparação com a da poesia. Mas ninguém te diz a ti que este blog é uma opção de vida. Ou tudo o que tu dizes e fazes faz de ti um rótulo, que define peremptoriamente a tua existência inteira? Se eu gosto de poesia, é perda de tempo? Ou tu detestares poesia é o entorpecimento da mente? pensa nisso assim. A poesia é um fim em si mesmo porque não pretende mais do que ela própria. Por isso nos podemos dar ao luxo de gostar dela. E Pessoa era egoísta nesse ponto. A poesia era o que era.

27/1/06 4:51 da manhã

 
Anonymous Anónimo disse...

Concerteza que percebi o porquê do blog. É precisamente isso que me faz aqui expressar alguma estranheza, no mínimo, por essa elevação de espírito que nela encontram. Não tiro valor a Fernando Pessoa, nem me considero com aptidão científica para menosprezar o trabalho que deixou publicado. A questão é: partindo do ponto que á época a obra podia e fazia algum sentido, ou até mesmo todo o sentido, o que leva a que ainda hoje lhe encontrem alguma actualidade na escrita? O próprio conceito de poesia, enquanto género literário terá feito no passado sentido, enquadrado-o nas diferentes manifestações artísticas que indissociavelmente se ligavam ao contexto da época em que se desenvolveu, fosse como arma política, social, ou simplesmente cultural. Actualmente pela evolução que o mundo apresenta custa a crer que se possa cultivar algum tipo de simpatia por um género, que além de decadente, vai servindo apenas para alimento de pseudo-intelectualidades. É certo que, como já disse, nem tudo tem de fazer sentido na vida, e desse ponto de vista, então faço mea culpa, e a poesia do ponto de vista que vocês abordam até vos poderá fazer-lhe atribuir algum significado, ainda que meramente pela jogo de palavras que se consegue.
Começa-me a parecer um diálogo interessante. Um abraço.

27/1/06 3:46 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Porque é que negas aos lados cinzentos da vida um louvor qualquer? Mesmo que o louvor seja expresso em poesia, que tu consideras obsoleta?
E em relação a Pessoa, se conseguires ter esse exercício de abstracção que faz com que as pessoas se identifiquem com alguma coisa, vais perceber que, mesmo que rebuscado e, eventualmente, caindo no erro de parecer pseudo intelectual, podes ir buscar referências com que te podes identificar ou apenas deliciar, num extâse do estupidificante (!), talvez. Mas pensa comigo : se tudo fosse para o acrescento objectivo e prático da mente, a mente não tinha descanso. Pensa em como tu sentes um chocolate cremoso a derreter na tua língua. Tem algum objectivo prático? E, contudo, essa sensação extasia-te! (se esta comparação não serve, arranja uma à tua medida e extrapola) E mesmo assim, o jogo de palavras não é tão fútil como parece. Para escreveres aqui no blog, tiveste que fazer um jogo de palavras que nem sempre precisa de rimar e de elevar momentos abstractos e subjectivos para ser um jogo de palavras. E se há coisas tão abstractas como recordar memórias ou saborear chocolates (não meramente fisiológica, a função), as palavras – que também são abstractas – podem levar a esse mesmo extâse.
Sim, o diálogo começa a parecer-me interessante. Indeed.

27/1/06 11:16 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Bem quando não conseguem aceitar uma critica jamais vão conseguir aguentar a vida voces não são uma critica atenção, voces são uma vergonha.

28/1/06 3:50 da manhã

 
Anonymous Anónimo disse...

gostava de, sinceramente, perceber o porquê deste último coment. Mas nao percebo. Assassino do fernando pessoa, explica-te, por favor.

28/1/06 4:22 da manhã

 
Anonymous Anónimo disse...

Faço e sempre fiz questão de encarar tudo o que vejo ou leio de uma forma mais ou menos realista, como, nas tuas palavras, um "acrescento objectivo e prático da mente". Custa-me encarar o quer que seja, actualmente, de uma forma tão lírica e tão extra-sensorial. De facto o que na realidade de provoca o êxtase que sugeres é exactamente esse acrescento objectivo e prático da mente, a absorção concreta de informação factual e documental, informação com fundamento, seja ele politico, social ou cultural. Continuo a achar que a absorção de informação mais relativamente objectiva e linear é manifestamente mais enriquecedora do que propriamente a leitura de qual tipo de poesia, por muito consagrada ou etimologicamente significante que seja.
Quanto ao jogo de palavras continuo a acha-lo completamente fútil e vazio de significado.
Sinceramente vejo a poesia como uma forma de dizer coisa absolutamente nenhuma de forma composta e aparentemente erudita. Se reparar-mos existe porventura mais algum género literário em que possas escrever ideias avulsas e sem sentido de forma a que pareça uma representação lírica da alma do escritor? A grande diferença entre a poesia e os restantes géneros literários é a questão da significância do que se escreve. Consegues discernir prosa medíocre de prosa de qualidade, bons romances, bons policiais, o que seja, dos maus, com relativamente facilidade, porque uma vez que a informação está mais objectivemente disposta é mais facilmente compreendida. Na poesia não porque corres sempre o risco de cair no erro ignorante de não teres percebido a mensagem subliminar, ou o fundo das questões afloradas nos versos, ou de não teres sido capaz de fazer com ela te tivesse despertado algum tipo de sentimento. Torna-se dúbio e enfadonho.
Um abraço.

28/1/06 1:42 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Agente, tenho que concordar que há muitas coisas que servem esse mesmo enriquecimento da mente, e que são essenciais para o desenvolvimento psicológico, mas como te disse, há coisas que não precisam de ser entendidas em toda a sua plenitude para serem apreciadas. Senão como explicas gostares de um pôr do sol, da chuva a cair-te na cara, da lua cheia e das estrelas? Acrescenta-te algo, a não ser que o estudes cientificamente? E provoca-te sensações! E mesmo assim, ficas sem perceber toda a sua plenitude! Mesmo que o enquadres em termos de descobertas já antes efectuadas.
E eu não defendo a poesia socialmente consagrada. Claro que essa tem um mínimo de qualidade (!) e génio (!) associados, nessa arte de combinar palavras, de as intrincar, de as mexer , de lhes dar significado ou não. Ao contrário do texto informativo, acho que a peosia é mais enriquecedora, não em termos de conteúdo, mas em termos de reflexão. Não digo todo o tipo de poesia, mas há coisas que te podem deixar a pensar. Como a filosofia deixa, com as suas interrogações metafísica, e como a matemática e a lógica ajudam a raciocinar. Não venhas dizer que não encontras lógica nestas ciências, porque elas permitiram a evolução de muitas áreas da sociedade. E aí vamos de encontro ao que tu dizes.
A questão de que na poesia, o que apreendes não é limitado pelo que lês, mas com essa reflexão, tu acrescentas – pela tua própria mão – conhecimento para a tua vida. Sei que não vais concordar, mas vale a pena o esforço.
Um abraço.

28/1/06 3:27 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Annie, não seria sensato se não concordasse com algumas das questões de que falas. Nomeadamente, e até certo ponto, na questão da lógica da reflexão sobre as ciências ditas exactas, que naturalmente permitiram progressos e evolução factualmente comprováveis. No entanto prefiro reflectir sobre a factualidade e não sobre abstracções. Sobre factos ou teorias comprovadas cientifica e factualmente, ao invés de raciocinar sobre teorias ou esquemas de pensamento ou raciocinio meramente abstracionistas. Tento fazer prevalecer a lógica da reflexão racional, factual e casuística.
Em relação à poesia, referes um facto, do qual te revelas defensora, que penso ser uma das maiores limitações do género literário, o que faz com que eu ache que ela hoje deixa de fazer muito menos sentido, do que aquele que eventualmente poderia fazer, por exemplo no início do século XX. Falo da questão da aceitação social, ou da transversalidade sócio-cultural da poesia. É um facto que hoje a escrita e leitura, reflectiva ou não, da poesia está limitada a uma elite, ou a um escol erudito e literário francamente diminuto e com tendência, no meu ponto de vista, a encolher. Se já foi em tempo uma vertente da chamada cultura de massas (duvidando ainda assim da aplicação deste conceito a tempos muito mais longínquos do que cerca da primeira metade do século XX), hoje em dia não o é, e dificilmente voltará a selo. Neste âmbito mais nenhum outro género literário se comportará, em bloco, desta maneira, o que nos leva para outro problema da poesia, que é o facto de agir e de ser habitualmente catalogável como um todo indivisivel. A poesia, no meu entender, acciona-se soció-culturalmente como um todo, o que não acontece com os outros géneros literários.
Continuo a preferir uma abordagem existencial mais factual e científica. Fazer o quê? Um abraço.

29/1/06 6:49 da tarde

 
Blogger Daniela disse...

Tenho andado um pouco distante dos blogs, e, por isso, deste blog. Mas estes comentários do auto-proclamado agente da contra-cultura parecem-me muito familiares. São do mesmo tipo de outros escritos por personagens que aparecem noutros blogs que eu conheço e onde escrevo...que coincidência.
Não preciso de defender, a poesia e, muito menos, Fernando Pessoa. Quanto à televisão, fia-te na virgem e não corras, que hás-de ter conversas muito interessantes depois de uma noite a ver novelas ou de uma manhã a tentar ganhar uns trocos com as avozinhas na árvore das patacas.
O propósito deste blog, ou de qualquer outro blog, é o de partilhar, mostrar, publicar tudo aquilo de que gostamos. Quem não gosta que não perca tempo a visitá-lo. Concerteza, no meio de milhares de páginas web hás-de encontrar os bits que te fazem bem à alma. Estes fazem-nos bem a nós. Por isso, e se não te importares que sejamos felizes na nossa pequena ignorância, no nosso mais limitado horizonte intelectual, ignora-nos. Será um prazer.



Daniela Lavos Costa

3/2/06 6:35 da tarde

 
Blogger Daniela disse...

Só para acrescentar que estou farta de gente presumida que chega ao pé dos outros e que decide o que é bom e o que não é.

A subjectividade existe. Os gostos pessoais também.

3/2/06 6:37 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Já é uma dificuldade que tu tens em aceitar uma crítica construtiva, daniela. É um bocado triste. È certo que gostos são gostos, mas daí a não se discutirem, decentemente, que é precisamente o que tu não fazes. E aliás a troca de ideias até estava interessante, andes de vires para aí despejar essas barbaridades. Mas pronto, se enche o ego.... A unica habilidade que ainda se te pode reconhecer nisto tudo é a de atirares essas alarvidades sem nexo.

Filipe Oliveira Nunes RIbeiro Santos

5/2/06 5:59 da tarde

 
Blogger Daniela disse...

Alarvidades pk saem da minha boca pela ponta dos dedos?

Tens razão, especialmente quando a discussão "decente" tem o tom da imposição.

6/2/06 2:00 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

sem comentários... não te enterres mais... deixa lá isso. quando conseguires falar de coisas serias em condições diz.... ou não digas. É-me totalmente indiferente.

6/2/06 3:43 da tarde

 
Anonymous Anónimo disse...

Acompanhei todos os comentários.
não me interessou contestar as opiniões do "Agente" porque são tão tolas e frágeis que não merecem contestação. Aliás, dispenso o abraço a mim dedicado no primeiro comentário em que "Agente" citou meu nome. Tenho receio em abraçar pessoas tão "quadradas" e ferir-me em uma quina. Nós, que gostamos de poesia, não somos "agentes" de nada. Somos apenas "gente". Gente que lê, absorve a mensagem do autor e gosta, ou não, do texto. Seja poesia, prosa, ou um texto científico. Só isso. sem pretensão nenhuma de querer mudar o mundo ou "acabar com o marxismo" ou o liberalismo. A vida é assim.
"LER" não é para qualquer um. Não é para qualquer agente...
foi um prazer ler Dysis e Annie.

12/2/06 1:51 da tarde

 

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